Diversos estudos enfatizaram a necessidade de ampliar a oferta de proteínas para suprir a demanda futura da população mundial, em grande parte prescrevendo a substituição das proteínas de origem animal por outras de fontes alternativas. As suposições sobre o colapso da oferta de alimentos nas próximas décadas e a não sustentabilidade do consumo das proteínas animais, deram sustentação ao crescimento de novos segmentos de mercado.
Notadamente, o mercado de produtos plant-based emergiu como alternativa para substituição da proteína animal. Mas, ao invés de gerar produtos com identidade própria, à base de ingredientes vegetais como as leguminosas, deu origem a uma grande variedade de análogos procurando mimetizar hambúrgueres, salsichas, bebidas lácteas, queijos, pescado etc. Uma grande onda de inovações tecnológicas surgiu para gerar proteínas por fermentação de precisão, cultivo em biorreatores e impressão 3D, entre outras.
Entretanto, conforme o estudo The Politics of Protein (IPES FOOD), há um excesso de ênfase nas proteínas, pois a população mundial apresenta deficiências em vários outros nutrientes essenciais. De fato, existem estimativas sobre a inadequação de micronutrientes na dieta em mais da metade da população global, tais como iodo, vitamina E, cálcio, ferro e vitamina C.
Portanto, existem muitas oportunidades para desenvolver soluções em ingredientes para produtos além do foco em proteínas que, obviamente, deverá continuar relevante. As indústrias de ingredientes dispõem de um amplo portfólio de cereais, leguminosas, sementes, amêndoas, frutas e outros vegetais de fontes sustentáveis, inclusive ingredientes oriundos da nossa biodiversidade.
Em sua plenitude, a nutrição vegetal, natural e sustentável, poderá ser a nova grande onda de inovação no setor de alimentos e bebidas não alcoólicas.
