Todos sabem que o consumo de algas marinhas é mais comum na Ásia do que em outros continentes como a América do Sul. No entanto, eles descobriram que as algas marinhas fazem muito bem à saúde pois são alimentos ricos em nutrientes, com proteínas de alta qualidade e sustentável. Atualmente, as algas marinhas ainda são bem presentes na alimentação dos asiáticos.
Segundo a FAO (2021), em 2019 a produção mundial de cultivo de algas atingiu 34,7 milhões de toneladas, no valor de US$14,7 bilhões. Além disso, 52,6% do montante são provenientes apenas de algas vermelhas (Rhodophyta).
Qual o teor de proteína nas algas marinhas vermelhas?
O teor de proteína irá variar da espécie e fatores ambientais (temperatura, luz e estação do ano), na qual pode variar de 2,7% a 47%. Sendo que, o mais baixo teor de proteína é da Laurencia dotyi Saito e o maior teor de proteína é da Porphyra tenera. Na prática pôde ser observado que no hemisfério norte a fração de proteína em algas vermelhas como baixa no verão e níveis mais altos durante o final do inverno e primavera. Outro ponto interessante é que a localização geográfica também influencia o nível de proteína nas algas vermelhas. Por exemplo, a Kappaphycus alvarezii da Índia que tem mais que o dobro do teor de proteína que o colhido da Malásia.
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As algas vermelhas possuem bons aminoácidos?
A maioria das espécies vermelhas são consideradas boas fontes de proteína por fornecer um alto teor de aminoácidos essenciais, variando de 31,1% a 42,2%. Embora esses valores sejam menores que a proteína de soro de leite (48,1%), as espécies Chondrus crispus (36,5%), P. acanthophora (42,1%) e P. tenera (37,3%), têm teores de aminoácidos comparáveis com a ovoalbumina (38,4%) e proteína de soja (34,5%) que são amplamente utilizadas na indústria de alimentos.
Digestibilidade da proteína de algas vermelhas
Segundo estudos, a digestibilidade in vitro da proteína de algas vermelhas no gênero Porphyra (64,4-78,5%) e Hypnea (88,7%-88,9%) foi visto como equivalente ao concentrado de proteína de ervilha (80,9%) e isolado de proteína de soja (95%).
A proteína de algas vermelhas pode ser considerada funcional?
Como vimos anteriormente, as proteínas possuem diversos aminoácidos essenciais, o que traz diversos benefícios para a nossa saúde. Entretanto, o que mais impressionou os pesquisadores foi o teor de metionina e cisteína nas algas vermelhas. Isso ocorreu pois a soma desses aminoácidos foi significativamente maior do que a do isolado de proteína de soja. Portanto, a proteína de alga vermelha pode ajudar a melhorar na síntese de proteínas e no crescimento em humanos devido aos aminoácidos com enxofre, sendo um ótimo ingrediente funcional.
Ademais, pelas algas marinhas serem ricas em fibras dietéticas, minerais e vitaminas, elas podem fornecer diversos benefícios para a nossa saúde, como a melhora da função intestinal, prevenção de doenças cardiovasculares e até mesmo na prevenção contra o câncer.
Em estudos realizados em 2017, foi encontrado uma alta concentração do aminoácido taurina nas espécies Gloiopeltis tenax, Gloiopeltis furcata, Gracilaria textorii e Gracilaria vermiculophylla. Atualmente, a taurina é amplamente utilizada em bebidas funcionais e energéticas, pois ela aumenta a energia física, promove a resistência muscular, ajuda no desempenho mental, reduz risco de aterosclerose e previne a absorção de metais pesados.
Então, pode-se dizer que as algas vermelhas possuem diversas propriedades funcionais, na qual ainda estão sendo amplamente estudadas e devem ser mais exploradas. Contudo, já observa-se diversos alimentos na indústria de alimentos que utilizam as algas vermelhas com o apelo funcional.
Mas a extração de algas marinhas é considerada sustentável?
Segundo pesquisas de 2015, a produção de proteína vegetal é muito mais ecológica do que a de origem animal, pois são 18x menos terra, 10x menos água, 12x menos fertilizantes e 10x menos pesticidas necessários para produzir 1kg de proteína. No caso das algas marinhas, o seu cultivo quase não requer água externa e contribui para a baixa emissão de dióxido de carbono no meio ambiente. Além disso, as algas podem desempenhar um papel na redução da eutrofização costeira ao assimilar nutrientes inorgânicos dissolvidos dos oceanos.
Portanto, quando substitui as proteínas tradicionais em terra por algas marinhas pode ser reduzida a pressão ambiental do uso da terra e água doce, além de ajudar a controlar as mudanças climáticas.
No entanto, o cultivo massivo causa impactos negativos nos ecossistemas marinhos. Por exemplo, a produção offshore de Gracillaria e Kappaphycus/Eucheuma em áreas rasas, como lagoas e estuários, representa uma ameaça para as plantas aquáticas que crescem abaixo. Então, é necessário sempre ter estudos direcionados para aquela área de plantio e a prudência para não prejudicar outros animais.
REFERÊNCIAS
RAWIWAN Pattarasuda, et al. Red seaweed: A promising alternative protein source for global food sustainability. Trends in Food Science & Technology, V.123, Maio 2022, pag. 37-56. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.tifs.2022.03.003. Acesso em: 21/06/2023.