Antes as bactérias que produziam ácido láctico a partir do açúcar eram classificadas como Lactobacillus. Com o avanço das pesquisas e da tecnologia, novas espécies são descritas todos os anos, o que resultou em uma saturação do gênero Lactobacillus: 261 espécies, sendo 39 descritas só em 2019.
O problema disso é que o gênero Lactobacillus tornou-se heterogêneo, englobando espécies de bactérias muito diferentes entre si. A solução foi refazer a classificação (taxonomia), agora baseada na técnica de sequenciamento genômico, que permite agrupar bactérias com características mais semelhantes. O resultado foi que o gênero Lactobacillus agora contém 35 espécies. As demais foram distribuídas em 23 novos gêneros.
Esta mudança cria uma nomenclatura estável, evitando intervenções em um futuro próximo. Outro benefício é que facilitará a comunicação, permitindo melhor definição e classificação das bactérias que exercem efeitos benéficos para nossa saúde.
Entretanto a renomeação pode trazer consequências econômicas, científicas e regulatórias. Pesquisadores e reguladores necessitarão compreender e adaptarem-se à nova nomenclatura. As indústrias precisarão atualizar os rótulos dos alimentos e suplementos, além de comunicar a mudança para profissionais da saúde e consumidor. Outra dificuldade poderá ser em relação às patentes que incluam o nome Lactobacillus.
Um ponto positivo, tanto para empresa quanto consumidores, é que dois dos lactobacilos mais utilizados não modificaram e, como apenas os nomes de gênero serão afetados (e muitos novos nomes de gênero foram deliberadamente escolhidos para começar com a letra ‘L’), a maioria dos produtos permanecerá fácil de reconhecer, como mostra no quadro abaixo.
Nomenclatura dos principais probióticos utilizados no Brasil
Como era | Como ficou |
Lactobacillus acidophilos | Lactobacillus acidophilos |
Lactobacillus delbrueckii subsp. lactis | Lactobacillus delbrueckii subsp. lactis |
Lactobacillus paracasei subsp. paracasei | Lacticaseibacillus paracasei subsp. paracasei |
Lactobacillus casei | Lacticaseibacillus casei |
Lactobacillus rhamnosus | Lacticaseibacillus rhamnosus |
Lactobacillus reuteri | Limosilactobacillus reuteri |
Vale mencionar que essas mudanças já são recomendadas por agências reguladoras dos EUA, Canadá e Europa, e que é provável a incorporação da nova nomenclatura pela ANVISA uma vez que da forma como está descrito no Guia 21 de 2019 para probióticos, a ANVISA já flexibiliza de forma acomodar sem dificuldades esta importante mudança taxonômica.
Fonte: https://www.microbiologyresearch.org/content/journal/ijsem/10.1099/ijsem.0.004107